Homenagem

Em 19 de agosto de 2016, aos 50 anos de idade, faleceu no Rio de Janeiro o professor Rodrigo Ferreira Simões.

Nascido em Belo Horizonte, Rodrigo era casado com Tereza Bruzzi e pai de Inácio. Era filho do saudoso Seu David e de Dona Maria e irmão de Gustavo e Leandro. De família originária “dos Pains” (interior de Minas) suas disciplinas e pesquisa sempre tiveram forte capacidade de motivar a discussão e análise de redes urbanas, regionalização e polarização. “Meus mortos só morrem em Divinópolis ou, se a complexidade é muita, em Belo Horizonte”.

Rodrigo fez graduação em Economia na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, e doutorado em Economia pela Universidade Estadual de Campinas no período de 1998-2003. Iniciou sua carreira docente ainda muito jovem, como professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Em 2003 fez concurso para professor do departamento de Economia da UFMG, onde construiu sua carreira acadêmica com forte concentração na área de Economia Regional e Urbana.

Rodrigo foi um dos economistas regionais mais inspiradores do país, sendo conhecido por ser um artista em sala de aula e se tornou referência entre alunos e colegas, distribuindo suas máximas e acumulando premiações e reconhecimentos diversos.

Com presença marcante na ANPUR, exerceu sua presidência em 2015-16, foi diretor de 2013 a 2015 e membro do conselho fiscal entre 2005 e 2007 e de 2009 a 2011. Era ainda vice-diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) – UFMG desde 2014 e foi um dos membros fundadores da Associação Brasileira de Estudos Regionais (ABER).

Com imenso zelo pelas instituições, se manifestava constantemente preocupado com a “exacerbação sem precedentes de intolerância, de preconceito, de rejeição à diversidade” no âmbito global e também com o momento de crise política institucional no Brasil, em que “valores e princípios básicos da vida republicana e democrática estão sendo ameaçados de forma sistemática”. Orientador nato em todas as dimensões da vida acadêmica – e em tantas outras fora dela – transferiu para as novas gerações a primazia da dedicação à dimensão institucional da vida universitária, caminho que trilhou de maneira singular.

Transdisciplinar de formação, Rodrigo transitava confortavelmente pelos encontros internacionais, nacionais e regionais das mais diversas associações, inclusive ANPEC. Foi membro fundador do GT População e Piano na ABEP, em cujos encontros podia-se ouvi-lo cantar junto a seus colegas de GT.

Rodrigo nutria verdadeira paixão por todas modalidades esportivas e por isso se gabava de ser “polidesportivo”. Quando jovem, foi árbitro de handebol de nível Nacional “A”, sendo mais tarde homenageado pela Federação Mineira. De todas as paixões esportivas, a maior era mesmo o Atlético-MG. Sua presença nos estádios era um reflexo de sua passagem pela vida: nunca passava despercebido e, por vezes, despontava como atração principal do evento.

A risada larga e a voz de timbre forte e rouco foram substituídas pelo silêncio. Ficam a enorme saudade e a certeza de que aqueles que formou e tocou foram privilegiados por privar de sua convivência, mesmo que por tão pouco tempo.